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Canto de Buga

Lar de minha alma. e com a devida permissão, das suas.

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domingo, 10 de dezembro de 2017

Novo Começo

Cantado por Luiz Veloso /Quando? domingo, dezembro 10, 2017
Se você quer ser feliz
Por fim
Não sabe a magia que tem um novo começo
Flores adornando os cachos correntes, sagrados de linda rainha e Odoyá
É vida a se deixar seguir
Seguem dançando inicio e fim
Na maresia do andar de Cristo
Cheio de humildade e vontade de amar
O seu chinelo, onde foi parar?
Algum mercado o venderá?
Onde Naima está?
Ela sabe explicar
Que se o pisca quebrou
Natal no ar, é o amor
Se você quer ser feliz, por fim
Saiba que amor tem que ter o perdão no começo
E tem um cego sorrindo assim insistindo: já viu firmamento e Odoyá?
É vida a criar arte
Sigo cantando aluno mirim

Na maresia da ginga de Cristo
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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Antropofagia do Amor

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, novembro 22, 2017

Onde podemos nos encontrar?
Em canto algum
É o que se devia escutar

Mas teu canto mente permanência e eternidade
Efêmeras escavadeiras de abismos,
Os teus pés que massageei ouvindo Cartola
Indo embora
Embora
Nada que fique possa ser amado
A finitude segue sendo tempero de toda boa refeição

Comamos
uns aos outros
como a nós mesmos
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terça-feira, 21 de novembro de 2017

Meu desafio

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, novembro 21, 2017
Meu desafio
Eu aceitei meu desafio
Engravidei dele
Eu Engravidei dele sabendo
Que as viagens todas são só de ida
Ficamos por lá onde vamos
Voltamos sempre outros
E se não,
Mudou o chão, as paredes, o chuveiro, as plantas
Que plantas?
Concreto: Esteja
Que ser é império
E todo império cai
Mas pode cair bem
Como caiu o bastão do imperador
Eu joguei ele no mangue
E ainda assim, e certamente por isso
Ele brotou lindo
E ainda assim, como tudo,
Por enquanto.

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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Nossa Canção

Cantado por Luiz Veloso /Quando? sexta-feira, novembro 03, 2017
Te ouvi cantando minha canção
Agradeci a deus por esse encanto
Que alumiava mais ainda
Nossa chama, nossa união

deus não gostou muito
De minha apropriação
De quem é o vento
Que leva a canção?

Se o vento não é de ninguém, de quem seriam as canções
Que são cantatas libertárias
Alforrias, orações?

Agradeço mais ainda
Agora que desconfio
Que quem canta com amor
Muda os ventos
Torna-se vento
E ecoa para sempre
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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Resta-nos o amor

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, novembro 01, 2017
Estou precisando
Beijar sua boca
Vem comigo, amor
Vamos nos encontrar
Só um pouquinho
Conversar
Não sobre o tempo perdido
Mas sobre o que vencemos
O que temos vencido
E o tanto que tampo pra vencer
E o tanto que tampo pra perder
Que se fosse pra ser só gozo
Teríamos nascido políticos
Anarquistas de berço
Resta-nos o amor

Essa dança de dores e delícias.
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Risca

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, novembro 01, 2017
Chorar ao lado de alguém
Que se ama
É como mirar o oceano
Poder ser manhã
Manhar-se demais
Todo dia
Que o amor a si
Transborda
Que o amor assim
Transforma
Os lados de alguém
Que chora
O próprio oceano
Vira ser marítimo
Vir a ser marítimo
Yemanjá, Posseidon
Janaina e navegador
De si
Que a vida assim
Transborda
À este bordo
Ou à outro
Bom ou não
Danço alegre na prancha
Que riscos me apetecem
Por ser poeta de letra feia
Todos os meus textos são riscos
E uma vida sem isso pra cantar
Se é vida
Me faz logo indagar:

Essa porra aqui não risca?
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Chamado

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, novembro 01, 2017
Quanto já fizeste por mim
e eu não soube
de lamentos noturnos secretos
e mais
vespertinos e diurnos
orações e absurdos
saudade e cuidado
essas línguas estranhas mal tem se cruzado
cruzeiro do sul é amar ao próximo como a si mesmo.
O resto se arruma
A ternura traz cura
Aos chamados não respondidos.
Terno: Abraçar o não sem medo do chão
Terno: Me agarrar no sim e voar por aí
Terno: Tiro
Vestido: Também
Pele: Sua
Amor: Também
Chama
Incendeia
Que a vida é brasa
E a gente também.
Então
Chama
Chama
Chama

Que a gente vai
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Maravilhas

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, novembro 01, 2017
Quem foi dizer
Que havia tantas maravilhas
Maiores que as outras todas
Não conheciam
O quintal do meu mestre
Onde brotava o verde lindo
Por conta das músicas
Que ele soprava à natureza
Enquanto sofria
Fazendo tudo que podia
Por seus discípulos
E tantos não davam valor
Pelas cordas que ele cozinhou
Pintou
Por cada berimbau talhado à mão
Hidratado com suor, lágrima e sangue
E entregues cordialmente
Por esse balanço
Entre dor e prazer
Sofrimento e alegria
Todos os polos conectados
A luta, a arte, a história, a poesia
E o eu
Essa instancia que surge nos contatos

Não conheciam
Também
O quintal do louco
Onde brotava o verde lindo
Onde muito era invertido
Como a própria noção de cogito
Como a própria noção de sanidade
Como o que der vontade
Como de ser constituído
Como pedacinho de verdade

Deixe de viagem, doido

O aqui-agora é tudo
Amanhã é absurdo
Ontem, fantasia
E em nós, a maravilha
De amar o chão de onde viemos
Onde jogamos, onde brincamos
Onde vivemos

Ah, meu amigo
Eis uma maravilha
Que vale a pena conhecer:

A humildade
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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Guga, O Anjo Torto

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quinta-feira, outubro 12, 2017
Um anjo
Torto
Sem casta nem mandamento
Um anjo
Rouco
De orar pra pôr fim no tormento
Um anjo
Louco
Que chora o distanciamento
Um anjo
Bobo
Aprendendo o valor do sofrimento
Um anjo
Fofo
Afim de usar seu talento
Expõe todas as suas faces
Pratica todo bem que sabe
E já cansado do contínuo
Vir-a-ser-sol-de-outrem
Perde a força da espada e do jibão

Vem-a-ser-só

Que a meta que lhe disseram
Era falsa
Meigo e indefeso
Sente todo peso
Das chibatadas distribuídas
Equalitariamente sob todas as faces

Jogam cuspe, merda, cruz, lágrimas, cruz, culpa, 100 moedas, 100 dedos na cara ou no cu.

Moedas

Para lembrar como se exige anjo.
Tem que ser distante que nem Deus.

Um anjo segue torto
Agora mais ainda
Que ele percebe ter uma só vida

Por vezes lacrimejantes sangues de amores perdidos me fazem sambar.

Se queres a felicidade
Mofada, celeste, pintada
Recomendo-te algum anjo
Que nunca tenha caído
E que por ter essas asas de ouro também não sabem caminhar

Eu sou o caminho
Eu sou o anjinho de Santa Maria de Fátima.
A padroeira de jardim Brasil.
Eu sou o anjinho da vida
Esta merda torta.


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domingo, 8 de outubro de 2017

O Silêncio de Liliane

Cantado por Luiz Veloso /Quando? domingo, outubro 08, 2017
Se Deus fosse promessa ou juramento
Ele estaria muito preocupado
Se a gente acredita nele ou não
E acho que ele nem tá

Que promessas vem e vão que nem tumor
E a minha inocência se foi faz tempo
A maldade dos homens é o horror
Que nos mata de amadurecimento

Se viessem a mim todas as criancinhas
E eu pudesse lhes dizer algo
Com autoridade de quem matou a adultez
Diria forte, uma só vez

Lili, Ame.
Que todas as crianças moram em ti.
Lili, Ame.
Que a coisa mais inocente é sorrir
Lili, Ame.
Que chegaram lírios pra você cheirar
Olhando pro teto que já lhe foi familiar
E fazendo nascer nele a pureza, o Silêncio, a ilusão.
o sonho é a intenção de dias melhores.

Sonho, sono, silêncio.
Sonho que o amor venceu tudo
Sono bem dormido depois do almoço
Silêncio, que não tenho o verbo todo
Ação, toma aqui um pedacinho de bolo.

Enquanto isso
Lili, Ama.
Que lírios não nascem sozinhos.

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terça-feira, 3 de outubro de 2017

Puft

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, outubro 03, 2017
Os ricos estão morrendo.
Tantos mortos nos estados unidos.
Um cara pegou uma metralhadora
E atirou em todo mundo.

Puft

Os pobres estão morrendo
De fome, de ódio, de exclusão, de gemidos (até de crianças)
Mas não têm bandas avassaladoras
Fazendo trilha pra morte dos imundos

A poesia morre, nascem os números.
Quem está sendo mais assassinado?
A poesia morre, contam os números.
O que é mais noticiado?

A poesia morre.
Na fila do SUS
E da mídia

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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Socorro

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, setembro 26, 2017
Tô passando mal
É um pedido de socorro
Que o outro dá.
Pra solicitar o teu dengo o teu consolo

Se tu vai se prestar ou não
É somente uma questão
De como é que está
A tua maneira de ver o outro, meu irmão.

Socorre o cara ou não?

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Big Big do Amor

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, setembro 26, 2017
Big big do amor, moço.
Mastigou, se apaixonou.
É o big big do amor, moço.

Uma pessoa distante
Geralmente
Tem portões de metal

O paraíso distante.
Também, Ente
É protegido
Por portões de metal

O inferno escaldante
Necessariamente
É pintado
Pra parecer que tem portões de metal.

Se um dos portões fosse de big big
Você iria pra ele?

Se um dos portões fosse de big big
você iria por ele??

- Se pagar 0,50rsrs
Vou não. Tá caro.

Metal tem preço de sangue.
Estão morrendo tantos
Que é mermo que sê de graça.




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Oro

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, setembro 26, 2017
Todos os dias, oro
Ônibus são assaltados
Ciclistas atropelados
Surdos gritam evangelhos

Em libras, todos os dias, oro
Ônibus superfaturados
Ciclistas enterrados
Pedestres humilhados
E cegos proclamam-se testemunhas oculares

Nos lares, oro.
Sem ter nenhum meu
Para que chegues bem ao teu,
Oro.

O grande outro mandou dizer
Mais pra quem tem mais
Menos pra quem tem menos

Oração pra quem não quer perder
Pro ônibus, pra fala, pra faca, cais
Caos, tempo, recife.

Oro
Para que voltes bem
E,
Se possível,
Sem querer abusar
De Deus
Como querem abusar de ti,
Que possas voltar pra mim.

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Fui

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, setembro 26, 2017
Quantas coisas foram embora
Teu sorriso mordido
Os falsos títulos
Tuas mentiras canalhas
As folhas na calha
Teu cheirinho entorpecente
O ranger dos dentes

Quantas cores foram embora
Teu choro entregue
As flores mortas
Tuas estradas tortas
Os turnos distantes
Teus coturnos na estante
Com meu coração de fôrma pra sola.

e eu também fui embora.

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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Não pise na grama do Éden

Cantado por Luiz Veloso /Quando? sexta-feira, setembro 15, 2017
Onde tinha a placa
Não pise na grama
Ele plantou bananeira

Onde tinha a placa
Proibido colocar lixo
Ele colocou uma bandeira

Onde tinha a placa
Proibido barulho
Ele fez poesia

Onde tinha a placa
Estacione aqui
Ele seguiu a vida

E no oitavo dia, Deus disse:
Foda-se.

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Bebamos

Cantado por Luiz Veloso /Quando? sexta-feira, setembro 15, 2017
Olho pra ti como quem olha pro mar.
Incerto de si, vê suas lacunas
Água na boca, salgada espuma
Quando respondida
Silêncio e tormento
E sonha com o acalanto de se afundar dentro dele ou flutuar por sua derme pleno como um cristo.
Caso não sejas pessoa de pouca fé, fiz um barrio de vinho da água que escorreu de nossos olhos.
Bebamos.

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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Segredo

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quinta-feira, setembro 14, 2017
Tranquei meu apartamento
Joguei as chaves fora
Cantei-te samba é dor
“Tristeza é senhora”

Mas eu sou ruim de memória
E esqueço as vezes
Que deixastes reserva
Embaixo do tapete.

Só não sou ruim de memória
Pra lembrar das noites travessas
Nas tuas coxas espessas
Onde me sinto dono da história.

E não somos?

Agora carrego um elefantinho no chaveiro.

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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Eu Gosto de Presentes

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quinta-feira, setembro 07, 2017
Eu gosto de presentes.
Que me virem e revirem-se em mim.
Eu gosto de presentes
Que me sejam cintilantes e jasmim

Sim. Porque eu gosto de cheirar os presentes
Que se viram e reviram dentro de mim
Sim. Porque eu gosto de olhar os presentes
Que me sejam galo de campina e papa-capim

Sim. Porque eu gosto dos presentes alados
Que voam e se revoam dentro de mim
Sim. Porque eu gosto de presentes apátricos
Que me sejam libertos de tudo, exceto de si.

Sim. Eu gosto de presentes que riem
Tanto quanto voam, cheiram e brilham.
Há aves que apenas andam ausentes
Que pena.

Fogueiras altivas chamam.

Chama
Convida
Com vida
Que eu vou

Voar pra longe da ausência
Sem perder a decência
De saber ser só.

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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Que droga

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, agosto 30, 2017
Sob efeito de álcool
Declarações de amor foram feitas
Poesias nasceram
Bebês morreram
Carros bateram
Desculpas foram aceitas

Sob efeito de vacina
Curas foram entregues às meninas
Vírus retiveram
Bebês morreram
Leis bateram
Outras foram aceitas

Sob efeito de coca
Ceais de natal foram celebradas
Televisores ligaram
Bebês morreram
Culturas bateram
Políticas foram aceitas

Sob efeito de sal
Casas de fé foram isoladas
Comidas apuradas
Bebês morreram
Pressões bateram
Dietas foram aceitas

Sob efeito de fumaça
Mensagens-paz foram enviadas
Shows aconteceram
Bebês morreram
Aviões bateram
Químicas foram aceitas

Que droga.
Há gente no meio
A gente do meio
Fica vendo o bebê homem
Ser errado e direito

Que droga
Tem gente no meio
A gente do meio
Vai dizendo que a vida
É nuance desse jeito

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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O Céu Zulu

Cantado por Luiz Veloso /Quando? segunda-feira, agosto 28, 2017
Quando meus ancestrais vieram de além-mar
Vieram pelo infinito e misterioso azul
Os que conseguiram chegar
Estavam tão exauridos.

E meu mestre me ensina:
Respira, Buga! 
Que o cansaço é a fraqueza da capoeira
É uma arte de resistência, tá ligado?
Se alguém lhe ver cansado
Vai querer dar uma rasteira

Quando meus ancestrais vieram de além-terra
Se fortaleceram no árido e rigoroso marrom
Os que conseguiram chegar
Estavam tão exauridos

E meu mestre me ensina:
Pensa, Buga!
Quando eu chuto, chuto com a mente
Desce o jogo, finta com a gente.
Não tem medo do chão
Dele viemos e à ele retornaremos

Quando meus ancestrais vieram de além-mata
Fugiam no verde que os acolhera desde sempre
Os que conseguiram chegar
Estavam tão exauridos

E meu mestre me ensina:
Uma árvore deveria dar frutos
Ter suas raízes e galhos fortalecidos
Pelo tempo, pela estrada, pelo que foi vencido
Com palavras também luto.

Quando meus ancestrais
Alcançaram o sol dourado
Libertaram-se de muitos limites
E o mestre já tinha explicado como existem
Dos poucos que conseguiram chegar
Estamos tão exauridos

Do roxo das pancadas da vida
Ao vermelho que nos sangrou a lida
Há semelhante garra e compaixão
Em resistir com veemência a tudo que diz não

Já no branco...
No branco há a paz
De quem sabe o que fez e o que faz
De quem soube persistir, de quem quis aprender
E se dispôs a ser um eterno aprendiz de si e das artes
A não querer ser mais do que ninguém
A ser velho mestre e aluno Neném.

Hoje ele vê o branco das nuvens e o azul do céu mostrarem como viver bem.
No fim, sermos tão mestre quanto aluno.
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domingo, 20 de agosto de 2017

De Onde Vêm?

Cantado por Luiz Veloso /Quando? domingo, agosto 20, 2017
Criança faz cada pergunta difícil
Que a gente não tá preparado pra responder
Se encabula, se assusta, faz até parecer
Que a gente não se come animalescamente

Todo dia, Todo dia.

De onde vêm as verdades?
Perspectiva permissiva, amor
No teu olhar elas nascem
Que você já fudeu tudo que olhou

De onde vêm as mentiras?
Escolha ativa, amor
Das verdades que construístes em cima
Das rivais que você inventou

De onde vem a existência?
Da temperança e do caos, amor
Que verdades se casam e se traem
Todo dia, todo dia.

Tu também sabes trair.
Eu te ensinei.
A partir do momento que mesmo te amando
Eu te deixei.

Não piora a mentira. Assume o que é teu
Não foge de ti, pessoa linda
Fode também as verdades de outrem
E a tuas ganharão mais vida.

Todo dia, todo dia.

Somos todos crianças ilegais
Filhas bastardas de nossos ideais
Somos humanos.
Esse bicho tronxo. 

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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Olhos Nus

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quinta-feira, agosto 10, 2017
Olhos nus.
Olhos.

Trazem consigo toda luz
Toda não-luz.
Que olhando você já reduz
Ao que queres ou ao que não queres perceber

Teu olhar está impregnado de ti
Desimpregina-o pois quando fores me olhar
Lança-te na, saibas desde já que falha, missão de me ver

Irás então despir meu olhar.
Big bangs explodirão em nós de rosa
Abrilhantando tudo que aprendemos.
Tudo que amamos, e talvez ainda amemos

Explodirão em nós boca de lobo
Que formam em nós tudo que aprendemos
Tudo que amamos, e talvez ainda amemos
Ao menos, por via da saudade do que fomos e da esperança de sermos mais ainda

Nos olhos nus.
Olhos

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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Dia dos Pais

Cantado por Luiz Veloso /Quando? segunda-feira, julho 24, 2017
[24/7 6:48 PM] Luiz Veloso: Mãe, escrevi um texto falando da senhora
[24/7 6:49 PM] Luiz Veloso: Posso postar no blo
[24/7 6:49 PM] Luiz Veloso: Blog*?
[24/7 6:49 PM] Mamãe: Sim
[24/7 6:49 PM] Luiz Veloso: Leia primeiro
[24/7 6:49 PM] Mamãe: Esse não consigo abrir
[24/7 6:50 PM] Mamãe: Como faço?
[24/7 6:50 PM] Luiz Veloso:
[24/7 6:50 PM] Luiz Veloso: Esse é o texto
[24/7 6:51 PM] Mamãe: Pode postar
[24/7 6:51 PM] Mamãe: ❤
[24/7 6:52 PM] Mamãe: Como diria vc: gratidão!


Dia dos pais tá chegando.
E eu tenho que dar um presente à minha mãe
Me ajuda a escolher um?
Ela gosta de arrumar a casa, gosta de cozinhar
Gosta de cuida cuidar dos ôto,
 gosta de festa, gosta de música boa
Gosta de tomar uma. Chega em casa perguntando se eu jantei direito, repetidas vezes, se estou me cuidando, se eu estou jantando, repetidas vezes e eu digo que estou bem, fazendo as coisas boas pra mim, a ajudo a subir a escada do duplex peço a bença, boa noite, E vou-me embora.

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domingo, 23 de julho de 2017

Guararapes(mente)

Cantado por Luiz Veloso /Quando? domingo, julho 23, 2017
Ah, Guararapes
Quantas batalhas são travadas em ti
Diariamente?
Quantos encontros acontecem em ti
Casualmente?
Quantos desencontros já chorastes
Prudentemente?
Dos que pisaram nas ruas flores
Quantos sapatos vistes ser engraxados
Brilhantemente?
Dos que se deslocaram
Quantos ombros tu vistes esbarrar
Violentamente?
Dos que se desataram
Quantos destinos prometestes enlaçar
Seguramente?
Dos que queriam dormir juntos
Quantos amores fizestes acordar
Impiedosamente
De frio, de fome, de silêncio, de distância, de baculejo, de crente pregando, de cd vendendo, de afeto fudendo, de afeto morrendo tão
Guararapesmente?

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terça-feira, 18 de julho de 2017

Sinta Preguiça

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, julho 18, 2017
Amor não é uma palavra, nem ideia
É ação.
Fácil de não perceber

Quando no prato lavado,
Quando na cama arrumada
Quando se lembra de trazer a comida que agrada
Quando turbilhão, festa de amor que exalta
A vontade sublime partilhada
De estar do lado do bem
Sem querer fazer nada

A preguiça não é palavra, nem ideia
É vontade
Fácil de não perceber

Meus órgãos são honestos

Quando bocejo é externado
Quando a câimbra é instaurada
Quando não quero ir ao encontro do bem que falta
Quando as festas do amor parecem chatas
Há vontade sublime encarnada
de não se dar bem
com uma vidinha aguada

Vida não é palavra nem ideia
É dança
Fácil de não perceber

Dos sabores
Ritmos
Amores
e preguiça, claro

que autoriza e desautoriza qualquer um destes emergir
mostrando qual vida teu eu deseja esculpir

Que nem a preguiça que bateu de terminar esse texto.

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sábado, 15 de julho de 2017

Casa do Fogo

Cantado por Luiz Veloso /Quando? sábado, julho 15, 2017
Menino, eu peguei fogo.
De tanto que me aqueci
De vida, nem percebi
Que tudo era folha seca

E eu, capoeira, queimei rápido demais
Na casa do poeta, onde o tempo não passa
Não virei brasa nem fumaça
Nem via como ameaça tantos graus de amor

Na casa do poeta, vejo-me fogo vejo-me flor

Foi na casa do poeta que tirei os sentidos da lama
Com flechas de sonhos antigos, o ideal me atacava
Eu, sendo chama,
Eu dou-lhe as costas e suas bobagens viram pó antes de me tocar.

Que eu sou poeta, dono do fogo doravante chamado palavra
E na casa do poeta, me inflamo
Vou vendo o amor assim, incendiando todas as casas

Que a casa do amor é o fogo, assim como a do poeta.
Eu moro com todos os poetas.
Me refiro aos corajosos, claro. Como o fogo.

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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Vivi Festas

Cantado por Luiz Veloso /Quando? sexta-feira, julho 14, 2017
No sertão há festas quando chove
Na cidade baixa alaga, há festas quando há sol
A distância entre as festas pode ser muito maior
Do que a entre os que não se locomovem

Que louco move-se ao sertão no sol mais cancerígeno
Ou à cidade baixa na chuva mais nociva
Pra poder dançar mais um tiquinho
No tanto a mais onde brilhou a vida?

Que eu já vi passarinho voar em todo tipo de clima
Que eu já vi passarinho cantar em todo tipo de lida
Que o canto fora da gaiola é mais bonito
Que na alma, gaiola e asa tem mesmo princípio ativo

Vivi festas em toda festa que não pude ir
Que sempre há vida onde estou
Sem aperreio se ninguém veio ver o que eu sou
Há mais asa que gaiola em mim.

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terça-feira, 11 de julho de 2017

Macho

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, julho 11, 2017
Passei hoje do lado de um macho
Infelizmente, insuficientemente rápido
Nem sei ao certo que espécie era
Um tipo meio engravatado
E tive o desprazer de ouvir a sentença:
“Parece que aquele bicho tá comendo a novata”

Poderia lançar os novos para cima, como fosse bamborim
Na esperança de pegar um menos mortal
Não ia adiantar. Minha bile iria explodir
Mas qual seria a parte menos letal?

Colocar o homem no lugar de bicho,
Esse significante perigoso, cultura de estupro, parte do jogo
Todas as conversas que houveram, possíveis galanteios
Reduzidos a arrodeios
Culminantes na saciedade carnívora
De um bicho incontrolável, praga viva

Ou seria a escarrada que ele deu ao terminar a sentença?
Dominação monetária sob o corpo da estagiária
Que não consideram mulher, nem ser humano
Para ser um pedaço de carne enrolado com pano.

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segunda-feira, 3 de julho de 2017

Pólo

Cantado por Luiz Veloso /Quando? segunda-feira, julho 03, 2017
Te acomodas em meu colo
Te acaricio como a mim mesmo
Tua pele, cor da noite mais escura
Bem como nossos velados segredos
Úmidos, constantes e gelados como a ponta de nosso nariz
Como teu olhar que finge não saber da despedida presente desde teu batismo
Teu olhar, este amarelo sob o negro, como os postes despostos ao léu, como nós, que evidenciam a chuva, a beleza, o silêncio e o medo
Pétalas brancas resistindo à chuva, ao abandono
Como nossas patas, que parecem não se sujar e, inclusive, limpam os caminhos
Nosso caminhar prosperará, minha rosa negra como a morte, este constante ainda não que abrilhanta os dispostos
Continuarás florescendo em mim e serás regado com as lágrimas de sangue que arrancastes do sofá, dos bonecos, das portas, da minha pele
Conto meus quases
Conto com teu perdão
Conto com o polo de onde nasce a energia
Com o polo onde se morre de frio
E me equilibro sob o fio tênue da moderação
Sem corda de segurança
Com um mar de defuntos famintos que urram sem saber se não viveram o que queriam, o que não precisavam ou o que não conseguiram.

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sábado, 1 de julho de 2017

Flores do Éden

Cantado por Luiz Veloso /Quando? sábado, julho 01, 2017
Te convidei pra amar
E embelezar o meu jardim
Onde enfim tudo em ti irá florir

E eu, teu terreno.
Solo ameno, tua luz
Te abrilhantaria a fé, a cor, a dor
De espinho que veio expulsar
Afugentar
Tudo o que invadir a quietude de teu sorrir

E eu, teu sereno
Respeito o tempo de ver
Teu orvalho lindo, a fé, o choro, o ardor
Que eu sempre quis

E se eu, impuro, for te tocar?
Dor imensurável te ver murchar
Desse éden vou me expulsar
Herdarás meu jardim

Essa saudade que dói não se matar
O teu sol, tua raiz, não pude ser
Tento virar serpente para te dar mais saber

E se eu, impuro, for te abraçar?
Põe teus espinhos a me atravessar
Finalmente hão de revelar
Que somos distantes

Meu abraço pode te sufocar
Tua serpente, teu adão não pude ser
Eis que torno-me flor pra sentir pulsar nosso ser

Vou vislumbrar desabrochar a vida em si
Nosso sorrir, sem piedade, se redimir
E eu, teu pequeno
Choro e peno de amor
Mas com um sorriso de fé, de show, louvor
De quem bem viveu

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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Sobre não ser feliz

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, maio 24, 2017
Me perguntaram se eu estava feliz
Respondi que ainda não
Como quem tem perdido um jogo mas está aprendendo a jogar

Repensei
Tenho de me perguntar
Que jogo é esse, o que se ganha, o que se busca nele?

Eu sei o que querem de mim
Que eu possa usar como medalha
O título de pessoa feliz

Felicidade é só uma palavra
Escrita no peito com navalha
Como fosse uma tatuagem
Levita tempo até que cicatrizes e vires flor

Passou muito mais tempo sendo corte e cicatriz
Seu estado florido é curto que só a vida
Mas é o que querem de mim
Para que eu gaste algum dinheiro, busque alguma lida

O que você acha que é ser feliz?
Fique aí com suas suposições

Eu não quero ser feliz, eu não quero vencer
Nem me apetece nem tenho dinheiro pra isso
Eu quero viver e ter uma vida gostosa
Em termos gastronômico-existenciais, masoquistas e maternos.

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domingo, 21 de maio de 2017

Tornozelo, Favela & Azeitona

Cantado por Luiz Veloso /Quando? domingo, maio 21, 2017
Que dia, que lida
Repouso mínimo, a poesia
Sirvo-me uma ótima bebida
Azeitonas de tira gosto

Quanto menos contemos os impulsos, mais animalescos e deliciosos parecem ser nossos prazeres.
Eu bem quis enfiar um monte de azeitona na boca e me embriagar de excesso

Mas tinha caroço.
De certo, morreria engasgado
Comecei a ser lembrado
Do que me trouxe até aqui

Eu pedi tanto ao meu corpo:
- Corpo, não me trai
Se mantém firme
não decai
Que eu nunca precisei tanto de ti, corpo.

Eis que de repente, na eminência de perder tudo
Lanço-me com todo o vigor que me resta, não muito,
Pra pegar o penúltimo ônibus que saiu de meu terminal.

Meu corpo não chega. Perco
Tornozelo lateja. Percebo

- Não me trai, corpo
Ainda tem muito chão pra azeitona
Tanto pra carregar
Aguenta mais um pouco

Bem sei
Não te bonifiquei com repouso merecido
Bem sei
Eu te neguei o gozo requerido
Bem sei
Mas não me trai, corpo

Desço na avenida
Passo por uma favela
Linda de ver naquela hora.
Do portão, a mulher de camisola se esgueira a atrás do portão
Chamando alto a menina que jogava bola de gude descalça no chão de barro.

- Açucena!

A menina fingiu não ouvir até onde pôde
Entre muxoxos e resmungos, a mulher grita pra menina
Pra que a menina corresse até a esquina pra chamar Paloma.
Paloma aparece na varanda, que é puxadinho de outra casa,
E fala o mais alto que pode:

- tá. peraê. Tô indo

O limite estético da mulher não querer sair do portão
O limite jovial da menina não querer perder seu cocão
O limite adolescente que Paloma não queria ter
O limite do corpo que eu não queria ser

Magicamente, o tornozelo não dói mais
Brevemente, olho pra trás
Percebo que foi viver em meus limites
Que me fez achar as matrizes

De ser um trombadinha intelectual
Um garanhão mal amado
Tradutor mal interpretado
Comilão magro
Delícia de louco
Um anjo torto

... que gosta de azeitona com caroço
Porque reteve o gosto divino dos limites e acompanha vigilância.

Está nascendo um novo líder.

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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Risco

Cantado por Luiz Veloso /Quando? segunda-feira, maio 15, 2017
Risco.
Nomes da minha agenda
Motivos para contenda
Saudosismo doente
Instintos dormentes

Risco
Corrido com o gosto
De quem já aprendeu de verdade
Qual o valor, Qual o sabor da liberdade
Qual o valor, qual o sabor da felicidade

Tem gosto de nada. Não existe
Sobremesa de um chef triste
Que colocou todo seu tempero na entrada e prato principal

Um menu com gosto de suor
De lágrima, mato, de maresia, ar rarefeito
Um novo banquete perfeito
Com sentidos inscritos na matéria

Risco
O cardápio inteiro sempre que o degluto
Até porque é exigência do chef
Para que cada dentada faça sentido
Para sentir o novo banquete vivo
Você

É.
Você é risco
Acidente, rascunho, poesia inacabada
Refazer-se, reescrever-se, recitar-se
Todo dia.

É.
É risco.
Melhor dois pássaros voando
E tu com as mãos livres
Não condense raízes
Nem terceirize, nem materialize
O teu bem estar.

Somos garranchos, a vida também.
Assumamos então todos os riscos
Que estar vivo é um perigo
E uma delícia também.

Meus parabéns ao chef.

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Desisto

Cantado por Luiz Veloso /Quando? segunda-feira, maio 15, 2017
Era tanto peso...
O joelho rachava, a alma tremulava
Mas ele manteve firme
Para alcançar o que acreditava
Ser tudo o que lhe faltava

Era tanto choro...
Olho secou, chorava suco gástrico
Mas ele se manteve firme
Para alcançar o fantástico
Tudo o que lhe faltava

Era tanto mundo...
Que ele desistiu sem querer
Mas era tanto mundo, que ele gostou de ser

Rolou no chão, aprendeu arte de desistir
Daquilo que só enfada, te ceifa a vida
Oferecendo um prêmio de louvor
Ao sol que era teu e alguém levou.

Nasce um sol a cada olhar.
Matemática fácil.

Desiste do sol que não é teu.
Torna-te pois teu próprio.
Teus instintos te mostrarão o caminho.
Desiste, Menino.

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domingo, 14 de maio de 2017

Mãe Solteira

Cantado por Luiz Veloso /Quando? domingo, maio 14, 2017
Ela não queria que ele sentisse fome
Ele sentiu
Ela não queria que ele sofresse de amor
Ele sofreu
Ela queria que ele dormisse
Não dormiu
Ela não queria que ele perdesse
Ele perdeu

Ela não queria que ele sentisse frio
Ele sentiu
Ela não queria que ele sentisse medo
Ele tremeu
Ela não queria que ele caísse
Ele caiu
Ela não queria que ele esquecesse a fé
Ele esqueceu

Ela queria a pele dele fina
Calejou
Ela queria protegê-lo
Conseguiu
No desespero mais profundo
A sentiu.
Na dor mais aguda
Se lembrou

Das lágrimas, dos esporros, de suas tabaquices, de botar o lixo pra fora, de apagar a luz do quintal, de saber seu lugar, de não falar alto que está com fome, só no seu ouvido, de guardar seus brinquedos, separar a farda da escola pro dia seguinte, de arrumar a bolsa, de respeitar os mais velhos, de varrer o terraço, de pedir a benção, de se despedir.

Se lembrou de sua mãe solteira.
De sua mãe guerreira.
De como ser fogueira
Nesse mundo gélido.

Chama eterna que brilha sobre a minha.
Longe das 1% mesquinhas
Ostentando em capa de revista
Aparência perfeita no dia após o parto.

Não sabem elas o que é abraçar o filho durante assalto
Abaixar sua cabeça no ônibus, fazê-lo nem perceber
Não sabem elas o que é não ter roupa nova para não atrasar a escola
Comprar-lhe bolsa nova, ir trabalhar de sacola

Ele encontra a fé perdida.
Em si mesmo, constante lida

Se lembrou de sua mãe solteira.
De sua mãe guerreira.
De como ser fogueira
Nesse mundo gélido.

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quinta-feira, 11 de maio de 2017

Minha Flor

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quinta-feira, maio 11, 2017
É tão bom te ver
Quando tu olha pra cima
Saltita em si, menina
Sorriso lindo de ver

Nasceu uma flor na minha varanda
Lá ela repousa e se encontra
Floresce mais do que devia
Perde a hora mas ganha o dia

É tão bom te ver
Quando tu olha pra baixo
Olhar já ressacado
Choro engolido, perdido

Murcha uma flor na minha varanda
Lá, mariposa perturbada e atraída pela luz
Confusa, cansada, se reduz
Míngua como chuva cai no samba

É tão bom te ver
Completar cada ciclo que precisa
Crescer minha flor, tão linda
Embora se permita chamar de bebê

Nasci raiz lá na minha varanda
Como há muito tempo fui convidado
Estou te esperando, mais calmo
Pra lavar tua roupa e deixar secar

Inclusive esse orvalho
Que convencionastes chamar de lágrima.

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quarta-feira, 10 de maio de 2017

Tambor

Cantado por Luiz Veloso /Quando? quarta-feira, maio 10, 2017
Olho que pisca é tambor
Solo, pisco, furto a cor
Do mundo, para dentro de mim
Fazer rufar tons que eu nunca vi

Boca que fala é tambor
Solo, falo, sinto o sabor
De um mundo que há dentro de mim
Dá tapa de tons que eu nunca senti

Pele que estica é tambor
Solo, arrepios de amor
De um mundo tatuado em mim
Rugas ensolaradas afinam-se

Sexo que reverbera é tambor
Orquestra de olho, boca, pele, furacão
Sentidos de mundos em colisão
Ejaculando via láctea

Tempo é tambor
Marcapasso do coração de Deus
Segundos mundos para os quais não temos
Coragem de ver que neles, morremos.

Trovão é tambor.
Solo sombrio de fazer temor
Em quem não afinou mundo e alma
Pra responder contratempo, batendo palmas.

Mar é tambor
Quebrando tudo o que encontrou
Sem perder o andamento
Improviso sustento.

O mundo inteiro é um tambor
Que cabe dentro de mim
Eu por inteiro sou tambor
Cada som, universo que teci.

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terça-feira, 9 de maio de 2017

Barba

Cantado por Luiz Veloso /Quando? terça-feira, maio 09, 2017

Eu tirei a barba
Ela protegia-me as duas faces
Me pedia carinho o tempo todo, eu dava
Quando eu queria refletir, me ajudava

Era outra coisa quando eu tinha barba
Algumas expressões ela ocultava
Para questões de sexo, funcionava.
Com aparente experiência ela me presenteava

Ela não me protege mais
Não tem mais carinho
Não tem mais tempo
Estou sozinho.

Ela não mais esconde
As expressões de um pavor, solidão que sinto
Por gritar por socorro e não ser respondido

Ela não mais esconde
Que o problema é meu, a falta de experiência
Que só se supera admitindo sua existência

Tem ausência que dói.
Se não, deixa  pele desprotegida
Deixando espaço pra rugas
Lembrarmos do fim da vida.
(Que é já já)

Então deixo ela cair
Onde ela bem entender
Para que sem enlouquecer, nem pressionar
Eu possa cair em mim

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segunda-feira, 8 de maio de 2017

Arrastão

Cantado por Luiz Veloso /Quando? segunda-feira, maio 08, 2017
Teve arrastão na Avenida Conde da Boa Vista, Eu vi
Me lembrei que tenho perna ligeira e capaz
Corri para a próxima parada, peguei o primeiro que passou
Deu muita pena da senhorinha, que era lenta demais.

Antes de chegar na Boa Vista, Eu vi:
Teve baculejo no parque 13 de Maio
Rapazes enfileirados, parados, profunda reflexão
Assim como quer o ministério da educação.

Que flores poderíamos entregar
Ao policial que vi fotografar
Seu ato de heroísmo
No controle social?

Talvez as do jardim que vi do outro lado
Na câmara municipal
Vazia, sem vida, como sempre
Absenteísmo normal

Vejo um casal andando apressado
Os deixo muito pra trás.
Caminhar sozinho é melhor
Apesar de nada fácil.

Eles não viram o caos em volta
As mãos dadas bastariam
Para dar-lhes a segurança
Para dar-lhes esperança
Para saber que nunca se abandonariam

Nunca.

Palavra que mora em alpes
Que não sabemos se aguentam a injustiça
do arrastão que teve na Guararapes
E alcançou a boa vista.

Eu de logo peguei qualquer ônibus pra fugir
As pessoas clamavam que o motorista arrancasse
Embora houvesse gente entrando ali
Quem já estava salvo, não queria se arriscar

Todo ato é um ato político
Se todos fossem gestores públicos nesse ônibus
Iriamos salvar o barco que estamos
E saudar com foda-se quem está se afogando.

Desci três minutos depois
Na parada da Praça do Derby
Vi uma viatura da polícia
Fui dar-lhes a notícia

O oficial não moveu um músculo de sua face
Não houve um afeto que eu notasse
Mas para eu não me perder, me deu a informação
“Rapaz, essa área é de outro batalhão”

“Tudo bem, Oficial” Respondi com um sorriso
“O senhor poderia ao menos avisar para seus amigos?
Grato.
Boa noite, bom trabalho”

Corri pra pegar mais um ônibus
Não consigo parar de pensar no casal
Ah, não mencionei?
Eles me alcançaram

Subiram no ônibus tão ligeiros quanto eu
Conversavam em libras
E nos intervalos, davam-se as mãos.

Longe das limitadas verdades absolutas, desconfio:
O silêncio e o amor demoram muito a se entender
Eles não gostam um do outro
Querem coisas e partes diferentes de você.

A não ser que o amor grisalhe
E por já estar cuidando
Ame-se calado, e se diga eu te amo
Só por estar respirando

De volta aos arrastões
Precisamos de mais amor
Nós e a pátria não grisalhamos
Precisamos de mais barulho, afeto libertador.
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De onde vim, sou turista. Pra onde vou, sou oriundo. Meu lar é todo o mundo, Meu mundo é artista.
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Seja para alcançar a glória, seja para manter a mente ocupada
seja para enaltecer-me, seja para julgar-me nada
seja para tardar o amanhecer, seja para não acordar...
eu escrevo!
para vocês que suportam.

Basta de poemas individualistas e que servem muito mais a quem os faz do que a quem os lê - Artaud

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