Teve
arrastão na Avenida Conde da Boa Vista, Eu vi
Me
lembrei que tenho perna ligeira e capaz
Corri
para a próxima parada, peguei o primeiro que passou
Deu
muita pena da senhorinha, que era lenta demais.
Antes
de chegar na Boa Vista, Eu vi:
Teve
baculejo no parque 13 de Maio
Rapazes
enfileirados, parados, profunda reflexão
Assim
como quer o ministério da educação.
Que
flores poderíamos entregar
Ao
policial que vi fotografar
Seu
ato de heroísmo
No
controle social?
Talvez
as do jardim que vi do outro lado
Na
câmara municipal
Vazia,
sem vida, como sempre
Absenteísmo
normal
Vejo
um casal andando apressado
Os
deixo muito pra trás.
Caminhar
sozinho é melhor
Apesar
de nada fácil.
Eles
não viram o caos em volta
As
mãos dadas bastariam
Para
dar-lhes a segurança
Para
dar-lhes esperança
Para
saber que nunca se abandonariam
Nunca.
Palavra
que mora em alpes
Que
não sabemos se aguentam a injustiça
do
arrastão que teve na Guararapes
E
alcançou a boa vista.
Eu
de logo peguei qualquer ônibus pra fugir
As
pessoas clamavam que o motorista arrancasse
Embora
houvesse gente entrando ali
Quem
já estava salvo, não queria se arriscar
Todo
ato é um ato político
Se
todos fossem gestores públicos nesse ônibus
Iriamos
salvar o barco que estamos
E
saudar com foda-se quem está se afogando.
Desci
três minutos depois
Na
parada da Praça do Derby
Vi
uma viatura da polícia
Fui
dar-lhes a notícia
O
oficial não moveu um músculo de sua face
Não
houve um afeto que eu notasse
Mas
para eu não me perder, me deu a informação
“Rapaz,
essa área é de outro batalhão”
“Tudo
bem, Oficial” Respondi com um sorriso
“O
senhor poderia ao menos avisar para seus amigos?
Grato.
Boa
noite, bom trabalho”
Corri
pra pegar mais um ônibus
Não
consigo parar de pensar no casal
Ah,
não mencionei?
Eles
me alcançaram
Subiram
no ônibus tão ligeiros quanto eu
Conversavam
em libras
E
nos intervalos, davam-se as mãos.
Longe
das limitadas verdades absolutas, desconfio:
O
silêncio e o amor demoram muito a se entender
Eles
não gostam um do outro
Querem
coisas e partes diferentes de você.
A
não ser que o amor grisalhe
E
por já estar cuidando
Ame-se
calado, e se diga eu te amo
Só
por estar respirando
De
volta aos arrastões
Precisamos
de mais amor
Nós
e a pátria não grisalhamos
Precisamos
de mais barulho, afeto libertador.
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