Quis encher de sentido
Nada tinha direção
Boca, gosto, olhar, olho do furacão.
Queria sentido.
Queria na hora
Não achando, pra me preencher
Comprei café, comprei tapioca.
Queria sentido
De qualquer maneira
Puxei assunto
Com a cozinheira
Disse que tentei fazer tapioca
Outro dia, em casa, ficou uma bosta.
Estrutura, conteúdo, sabor, cor.
Estava igual a mim.
Sério? Ela indagou.
Ela nunca tinha feito
Era seu segundo dia tapiocando.
Ela sorria, o povo comia, todos amando.
Finalmente sorri.
Tomei café, comi tapioca, me enchi.
Continuo querendo e creio, isso é vida.
Uma hora vai chegar meu segundo dia.
2 comentários:
O que mais me toca nesse teu texto, é o Finalmente sorri!
A gente sempre vai ter um segundo dia mas, um sorriso é um sorriso.
Rilke uma vez cantou: “Desconhecendo nosso lugar verdadeiro, agimos a partir de uma relação real”.
Este sentido relaciona-se com o nó-borromeano onde o real é uma colocação vigente de nós mesmos. Contudo, se mostra inalcançável em sua totalidade.
O Verdadeiro poeta é aquele que desdobra-se para além significado, mergulhando intensamente sobre as coisas, dando-lhes "significante", uma voz própria de compreensão de mundo e existência, ir além da linguagem trazendo algo provocantemente novo.
De primeiríssima o texto irmão.
JL
Postar um comentário