O que seria dos amores?
O que seria dos amigos?
O que seria dos rumores?
O que seria das conversas em mesa de bar?
O que seria das músicas que se quer escutar?
O que seria dos casamentos sem ter porque acabar?
O que seria dos amantes sem poder flertar?
O que seria das notícias?
O que seria das milícias?
O que seria das denúncias?
O que seria das renúncias?
O que seria dos afetos sem carinha pra clarear?
O que seria dos ansiosos esperando o amor ligar?
O que seria das relações sem ansiedade pra sufocar?
O que seria do sufoco sem emergência pra ligar?
O que seria das saudades sem fonte pra alimentar?
O que seria dos vídeos, sem seguidores pra chocar?
O que seria do choque sem vídeos pra flagrar?
O que seria dos flagras na ditadura militar?
O que seria dos assaltos sem grande coisa pra levar?
O que seria leve, se a memória só faz encurtar?
O que seria curto, sem espaço pra expressar?
O que seria das punhetas sem nudes pra inspirar?
O que seria dos paus sem selfies pra tirar?
O que seria dos selfs sem foto pra projetar?
O que seria das fotos sem filtro pra editar?
O que seria dos filtros sem gente a não se amar?
O que seria do amor, da vida, de nós, sem o celular?
Um dia não já fomos sem ele?
Bengala existencial, Janela para um outro real.
Atalho pra mil laços.
Fracos.
Mas são mil.
Como o mundo ia negar?
E parcelado em doze vezes?
Pode trazer. Menos gente, mais celular.
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