Eu não sabia do sangue que corre no asfalto
Até o meu jorrar
Do resto de petróleo há um substrato
Sob o qual deveríamos flutuar
Como sardinhas aladas
No terminal enlatadas
Conformismo pra conservar
Do patrão-político-reitor agradável paladar
Eu não sabia do sangue no asfalto
Até o meu jorrar
Do resto do sangue há um coágulo
Sob o qual deveríamos falar
Porque não defender nossos interesses?
Comem o que?
Sem acesso à educação
O que podemos saber?
Eu mesmo não sabia das peças no asfalto
(Tragédias)
Até a minha rolar
Do resto da peça há um espetáculo
No qual vivemos de atuar
Uns torcendo para que a viagem termine logo
Outros a alimentam ainda mais
Pra adormecer a falta de colo
De nosso representante capataz
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
Olhos
bandidos
Furtam
minha luz
Com
sede e urgência
A
pressa é mãe das topadas
Olhos
de brilho
Glíter
na cruz
Bendita
dormência
Compressa
pra alma inchada
Olhos
de instinto
Crianças
à jesus
Com
impertinência
Tem
céu como casa
Olhos
bandidos
Como
Eu
minha síndrome de Estocolmo
Que
no escuro se descobre a dança
De
quem soube fazer aliança
Consigo
Eu
consigo
Ser
luz
Autótrofo,
tudo posso
Até
mesmo pedir perdão
Pelos
excessos de não
Às
alegrias pulsantes na coloração das itinerantes
Flores
brancas repousantes
Em
nossos pés descalços
De
bandidos que somos
Vai
saber o que é felicidade
Vai
saber
Vai
saber o que é vontade
Vai
saber
Que
no meu reino
Chove
interrogações
Que
no meu peito
Surgem
vulcões
Vermelhos
Corados,
gagos de vergonha e medo
Magma
intermitente
Esse
calor da gente
Que
não sabe de nada
A
não ser do que sente
Talvez
pelo calor
Da
ardente lama
Nos
pés flambados
Pedindo
dança
Se
teu pé for fininho
Pode
pisar no meu
Que
eu não ligo
Vai
saber o que é vontade.
Esperei
o mestre chegar
Ele
deu bronca em mim
Soube
bem me explicar
Esperar
parado é ruim
Veio
longa tempestade
Molhei
meu chapéu de palha
Minhas
vestes de cetim
Evitei
a nevoada
Esperar
parado é ruim
Estava
esperando o amor
E
ele nem aí
Eu-sozinho
é delícia
Esperar
parado é ruim
Estava
esperando flores
Plantei
10 bonsais no meu jardim
Todos
floriram-me as dores
Que
esperar parado é ruim
É
verdade que chorei
E
orei do início ao fim
E
Deus me disse: Te mexe
Que
esperar parado é ruim
domingo, 21 de janeiro de 2018
Ei senhor das grades
Dizei o que tu sabes
De lei que não se rói
De frei que eu dou de mói
Em rei de ontem
Que todo dia minha asa bate
Produzindo os ventos do fim da tarde
Cortando correntes, correndo em vontades
Agradeça aos céus quando bato em retirada
Quando não
Peca-lhes proteção
De minha perna voada
Eu vi num comercial
Uma família feliz porque tinha uma geladeira inteligente
Uma máquina prata que gelava um ideal
de atalhos cruéis à desigualdade social
Ainda no que se convencionou ser arte
Inseriram brancuras espertas
Para que novamente troquemos nossas flechas
Por espelhos e estandarte
Quebramos nossos espelhos
Os olhos servem bem pra isso mesmo
Na roda a gente se vê
Se inclui, se joga, se amola, se inova
Pra vida
Nossas ferramentas são lindas
Nosso coração o é
Artesão de si
Simplesmente resultado do que escolhe ainda
A gente quer a lida
Que de Isabel pra cá
Já houve muita conquista
Mas precisamos falar
Ainda há muito pra conquistar
Isabel não nos libertou
Foi nossa teimosia, nossa maloqueiragem
Nossos tambores, nossos amores, nossa arte
Nossos calos, nossa alma, nosso dendê
Nossas ferramentas são lindas
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