Entre

O que há entre um ano e outro?

Pontes.

Entre o ser e as possibilidades

Entre o não ser e as infelicidades

O que há entre um ano e outro?

Fontes.

De desejo, nostalgia, de chamego, de folia

De bocejo, calmaria, de besteiras que eu comia

O que há entre uma pessoa e outra?

Elas mesmas.

Suas lesmas.

O tempo corre levando consigo só as coisas boas.

O que há entre as pessoas?

Que possam ser fontes, que possam ser pontes.

Que pensar firme as leve a algum lugar

Que possa florir tudo que se enraizar...

No amor.

Litígio

Onipotência é um castigo.

Não poder me faz criativo

Criando me sinto vivo

Vivendo, vou aprendendo o que posso.

Onisciência é um castigo.

Não saber me dá mais sede

Sedento do que tenho crido

Me encontro com novos sentidos

Onipresença é um castigo

Não ir me dá mais vontade

Reunião com as verdades.

Entre o dever e o querer, litígio.

Litígio.

Ser e Não ser é um presente.

Posso construir tanto

Brincar com o manto

Que você vê sorridente.

Litígio demasiadamente humano.

Que você vê sorridente

Ser e não ser é um presente.

Nas águas do devir, que tomo só ardente.

Boa Noite

A saudação.

Flutuando entre duas partes.

Inquieta.

Sempre produzindo arte

Há quem a use para abrir portas

Há quem use para fechar

Há quem faça alarde

Pela hora de chegar

Há quem diga de saudade

Há quem chore despedidas

Há quem diga numa briga

Diante de impossibilidades

Há quem não disse

Engasgou com os afetos

Houve quem subnutrisse

Depois de negar o belo

Há quem precise visitar uma pisciana

Há quem precise de mais não

Há quem ame dizer sim

Há quem ame dizer chão

O que os separa é uma escolha.

Pega uma folha,

Vê quem falou, quem ouviu, o que foi dito,

Escolha um papel.

Interprete-o até o toque.

E quando o toque chegar...

Vai ter mais de nós do que se pode imaginar.

Boa noite.

Coração Disposto

Quem vai sair de casa?

É natal, é domingo.

Toda magia está na sala.

A sala é o abrigo

Eis que alguém sai disposto

O tempo se curva, a chuva cessa.

Respeitando o coração corajoso

Que veio trazer a festa.

No sorriso, mil razões para ignorar a razão.

No olhar, mil vontades de erupção.

No abraço, mil sentidos pra se sustentar.

Na despedida, mil pedidos pra ficar.

E coração vai-se embora.

De tanta vida que emitiu

Lembra que já é hora

de ser mais do que a dor vil.

Coração, é natal.

Pega leve.

Que se teus encontros seguirem assim

Meu ataque chega breve.

Surpresa agradabilíssima é a vida, ele me diz.

Vou vivendo e infartando aos pouquinhos.

Até conseguir ser feliz ou morrer

Seja lá o que essas coisas queiram dizer.

Rua da Saudade

Inauditas Vontades

Fora do mapa, fora do radar

Não consigo achar na cidade

Lugar pra ninguém me buscar

Eu não sei falar baixo.

Nem meu corpo sabe disfarçar

O arrepio malvado

Que lembra o que não posso tocar

Harpas do tempo.

Solando o acaso,

Sons dos primeiros

Mantenedores de laços.

Grito mais alto.

Parece que alguém me achou

Parece que alguém viu as verdades

Dançantes no choro pierrot

Na rua da saudade

Quem sabe?

Avante

Foi uma honra servir ao seu lado.

Caminhamos muito por muita tormenta

Aprendemos como se aguenta

Sustentar o sorriso com coração machucado

Que venham ventos-machados

Tempestades cruéis

Nada abalará as raízes dos fiéis

Já surfamos ondas largas

Maestramos tsunamis.

E hoje, como antes,

Despedimo-nos,

Te passo o legado

Leva pro mundo o recado

Ninguém consegue ver o mundo

Se sonha tão baixo

Leva a mensagem

É preciso coragem, disciplina e humildade.

Pra iluminar cidades

Por gritos de guerra pulsantes.

Avante.

Honra

Time, reunião.

Não se é feliz sem suar a camisa

Bonança não é chuva de bênção

É bênção que se conquista.

Seja alegria, conquiste-se!

Que ano que vem tem mais.

Sejamos mais.

Um pouco melhor que ontem.

Para ter paz.

e seguir com a honra de servir.

é uma honra servir ao seu lado.

Minha Mãe

Ela caminha.

Nunca calminha, mas ela caminha.

Bonança demora, ela chora

Mas caminha.

Me levou na mala

Achei que eu era o apoio.

Mas ela só precisava

Me ensinar o voo.

Passada tanta estrada

Tanto céu, tanto bonito

Diante de tamanho conflito

Ela podia preferir fazer nada.

O repouso merecido?

Ela quer voo vivo!

Lançar-se na rota da cura

Deus é com ela no olhar

Se ela chorar, nasce um rio.

águas limpas, pra me consolar.

Ela é minha mãe

Nada pode derrubar

Uma montanha de mãe

Lágrimas não vão afogar

Um rio de mãe.

Xodó bom de abraçar.

Minha Mãe.