Passávamos pelo beco do caixão
Carregando nossos tambores
Forte sol e suas cores
Nossas lutas e amores
Os descasos sem pudores
E algum incendiário havia ateado um fogo
Em um canto do beco
E havia uma tênue fumaça
E vindo a mim minha criança
Estrelinha me disse:
Pai, a gente passou na fumaça dos fantasmas
Buga mel me disse:
Estrelinha, isso é um poema?
Estrelinha disse de pronto:
Não
Mas já em casa
Eu ouvia um Rap
De um sol que ainda não nasceu
Sob uma suave melodia
Estrelinha parou e reconheceu:
Pai, ele tá falando poesia!
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
Foi de quase em quase
Que quase que o humano se perdia
Em problema de expectativa
Foi quase como lanterna ao dia
Quase que o humano sabia
onde estava Deus
Foi de não aceitar o luto
Que se fez nascer o quase
Esse pensamento remoto
Do que fatalmente não foi
Como a vida pode ser
Tanto quanto não ser
Simultaneamente
Mas nunca esta perdição, esse desperdício
Que é o quase
A vida nunca é quase
E quando for, é porque não é mais
Mais luto para os demais
Levantem e andem
Que quase que o humano se perdia
Em problema de expectativa
Foi quase como lanterna ao dia
Quase que o humano sabia
onde estava Deus
Foi de não aceitar o luto
Que se fez nascer o quase
Esse pensamento remoto
Do que fatalmente não foi
Como a vida pode ser
Tanto quanto não ser
Simultaneamente
Mas nunca esta perdição, esse desperdício
Que é o quase
A vida nunca é quase
E quando for, é porque não é mais
Mais luto para os demais
Levantem e andem
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Em suas carruagens o clero segue intocável
Blindado de convenções excludentes
Expurgam a vida da gente
Como fosse um pecado deplorável
Os que não entendem o porque ganhar
Não se motivam para lutar
E não fazem questão alguma do camarote
Sabem que a plebe é mais forte
E os pés descalços pedem o barro
O chão, a areia, o contato
Que o dinheiro e a fama desconhecem
O prestígio solene de quem não se esquece
Que um dia tudo ruirá
Blindado de convenções excludentes
Expurgam a vida da gente
Como fosse um pecado deplorável
Os que não entendem o porque ganhar
Não se motivam para lutar
E não fazem questão alguma do camarote
Sabem que a plebe é mais forte
E os pés descalços pedem o barro
O chão, a areia, o contato
Que o dinheiro e a fama desconhecem
O prestígio solene de quem não se esquece
Que um dia tudo ruirá
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
De não ver a falha
Que é própria da vida
Que é a própria vida
Criaram estes mecanismos de punição
Para que possam gozar com perversão
O quanto correm da própria imperfeição
Do poema que não tem métrica ao poeta sem educação
Da arte que não se mede, mas se pede com emoção
Da educação por bala ao corpo no chão
Do chão sem asfalto ao luxo do avião
Do avião da boca à boca do coração
Dos sangues nos canais aos canais de televisão
Dos sangues nos jornais aos bancos de doação
Dos bancos na praça, ao dono do banco ladrão
De tanto ver as falhas da vida
Das fissuras na muralha ontem construída
Brotam jasmins, orquídeas, Lótus e Bonsais
Que todos os acertos são de argila
Para martelo de erro e tentativa
Para buscar a fala mais assertiva
O poeta se cala com sua sabedoria
Mas dança consigo a dança mais atrevida
De olhos nos olhos, suor e saliva
Nos melhores dias, a lágrima lhe visita
Lhe fazendo negar e afirmar a coisa mais bonita
De que tudo é menos chegada que partida
E todos os textos, por fim, são macaqueadas lusíadas
Que é própria da vida
Que é a própria vida
Criaram estes mecanismos de punição
Para que possam gozar com perversão
O quanto correm da própria imperfeição
Do poema que não tem métrica ao poeta sem educação
Da arte que não se mede, mas se pede com emoção
Da educação por bala ao corpo no chão
Do chão sem asfalto ao luxo do avião
Do avião da boca à boca do coração
Dos sangues nos canais aos canais de televisão
Dos sangues nos jornais aos bancos de doação
Dos bancos na praça, ao dono do banco ladrão
De tanto ver as falhas da vida
Das fissuras na muralha ontem construída
Brotam jasmins, orquídeas, Lótus e Bonsais
Que todos os acertos são de argila
Para martelo de erro e tentativa
Para buscar a fala mais assertiva
O poeta se cala com sua sabedoria
Mas dança consigo a dança mais atrevida
De olhos nos olhos, suor e saliva
Nos melhores dias, a lágrima lhe visita
Lhe fazendo negar e afirmar a coisa mais bonita
De que tudo é menos chegada que partida
E todos os textos, por fim, são macaqueadas lusíadas
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