No
final do ano
Vejo
pessoas pensando no que fazer
A
urgência da programação
De
um dia, uma celebração
Das
coisas da vida
Choros,despedidas
Encontros,
fotos antigas
Fotos
novas, sorrisos
Retrospectivas,
artigos
E
na retrospectiva do face
Não
aparecem as tragédias
Aparecem
na televisão
Que
compensam o resto do ano
Com
toda alienação
O
resto do ano
Maior
parte do tempo
É
resto, metano
Qual
lixão de Aguazinha
O
poeta teme falar de internet, de high-tech
Na
esperança que tudo mude
Não
haja mais mute
No
conversor do povo
E
nesse pós-apocalipse
As
belezas naturais
Os
olhares, as estrelas
A
gratidão, a natureza
Possam
se destacar
Na
linha do tempo
Já
que eventualmente chega no pó
Mas
o poeta também sabe
Que
alguns vêm bem menos
Ou
sequer vêm
Qualquer
dignidade na esperança
E
que tribos antigas, muito antes do fogo ou do emoji
Já
assassinavam-se
por
pedaços de terra
Por
ambição, por arrogância
Por
cegueira de Saramago
Embora
Beethoven tenha conseguido ser maior que a sua surdez
E
o inédito sempre pode nos visitar
-
Luiz Veloso
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