Era uma vez
Um peixe sonhador
Que sabia viver
Num ciclo de dor
Em águas carinhosas
Que de tanto lhe afogar
Fez-lhe crer que a vida
Só tinha conforto pra dar
Um dia o peixe nadou para a superfície
Saltou tão alto quanto podia
Mirou o infinito azul céu
Que imensidão linda.
Vento seco, tão cortante
Tanto medo num instante
Seus órgãos estranharam tanta falta de carinho
Clamaram pela queda noutro azul infindo
Saltar, prazer verossímil
Saltar, pecado terrível
Saltar, vida necessária
Saltar, redenção arbitrária
O carinho da água lhe arranhava
O corte do vento aterrorizava
A força da água lhe aprisionava
A força do vento lhe desamparava.
...
Era uma vez uma ave.
Voar era sua prisão
Liberdade maldita
Sua natural condição
Ventos lhe acariciavam
Mas não lhe interessavam
Como o infinito azul do mar
Paixão na qual mirou e decidiu mergulhar.
As águas já não eram mais lindas
Lhe aterrorizava
Lhe roubava os sonhos
Na medida que a afogava.
Voltando pro seu céu
Já não sabia que destino abraçar
Será que havia diferença em qual vida cursar?
Seis por meia dúzia
Dor por dor
Dúvida por dúvida
Solidão por mal de amor.
O peixe sonhava com o céu
A ave sonhava com o mar
Foram ambos se aventurar
Nesta segunda vez,
O acaso não foi cortês
Se chocaram.
Morreram.
Viveram, sofreram, sonharam, morreram.
Tudo com amor.
Se foram felizes?
Quem decide é você, leitor.
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2 comentários:
E quando o leitor acredita que eles foram felizes?
O que diz o autor?
Que cada texto nasce de novo nos olhos de quem lê. Portanto, somos todos autores.
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