Vi
um senhor cego hoje.
E
não sei se posso dizer ''estranhamente'' mas eu senti culpa.
Como
se eu fosse responsável por sua condição,
ou
como se pra compensar eu deveria honrar minha visão.
Foda-se,
eu pensei.
Que
é que eu tenho com isso?
Nunca
fiz compromisso nem com caridade!
Agora,
nessa idade, pra que o rebuliço?
Alguma
sensibilidade me tocou.
Daí
fui pra casa, comprei umas cervejas.
Talvez
a culpa não esteja em ser causador das desgraças alheias.
Mas,
em não ver as possibilidades de poesia nos lugares onde estou.
Que
pecado abominável!
Dou
o primeiro gole ou o milésimo(já não lembro do tempo) e vejo a bagunça no meu
apartamento de solteiro.
É
roupa em cima da cama, é montanha de louça.
Na
casa toda, sujeira.
Em
cima da bíblia, uma carteira.
Dói
só de pensar quantas chuvas deixaram de ser belas porque sujavam os pneus do
meu carro.
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