Te acorrento à alienação
Te engesso réu confesso pelo crime de tentar ser o que tu és.
Serás então uma linda estátua de mármore, tamanho montanha,
No meu jardim. Direi a todos que virem aqui:
Venham meus amigos! Gargalhem desse quase!
Seja seco, ser enfermo
Antes de te tornar estátua, te escravizo a pélvis
Não mais farás o que queres
Amarás o que eu disser, e pouco.
Somente quando proletarizado, já sem prazer
Exigirei de ti pélvis que não sabes ser.
Seja cego, escravo esmero
Te secarei as lágrimas que te tomei
E depois presenteei com benevolência.
E quando seco, farei brotar em ti, como fonte de esgoto, pra esgotar num grito rouco toda tua autonomia, lágrimas em dólar, solução na dola ou na putaria.
- Eu sou Filho dos ventos
Trago a mãe na fala
Correntes de ar, massas frias, massas quentes
Cortam outras correntes, que rompem na dilatação térmica
Você não escuta?
Estou esperando teu ouvido aguçar ou minha rajada baixar
Em pelo menos meio tom, o canto-clisma que move gigantes de pedra
Eu sou filho do mar
Trago a mãe no suor, não vejo problema em me molhar
Danço em seus tsunamis, duplo desafio constante
Navegar-se sem saber ao certo que mar se é, tornar-se então o próprio.
Você não sente?
Estou esperando teu fôlego segurar as palavras que não se pode dizer embaixo d’água
Ou teu espírito emergir como onda gigante devorando o não-tu, esse Kraken maldito.
Eu sou filho do Sol e trago o pai nos olhos
Minha lágrima é lava, é magma.
Cai de solidão, mostra a finitude e a miudeza de todas as coisas
Você não vê?
Estou esperando tua pele engrossar ou minha radiação diminuir.
Até.
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